domingo, 15 de maio de 2011

O Aluno Não Ouve

O Aluno Não Ouve

Um dos grandes problemas existentes no ensino em Portugal, nos dias de hoje, é a dificuldade em conseguir que o aluno esteja atento, concentrado, ouvindo o professor.
Penso que, em todas as salas de aula, principalmente no Ensino Básico, esta deve ser hoje a principal preocupação do professor antes de iniciar a aula, e durante a mesma.
Com efeito, os alunos de hoje têm um déficit muito grande de concentração,
particularmente na sala de aula. Aliás, nota-se que os alunos estão permanentemente a mudar de assunto de conversa, como se a conversa anterior já não interessasse, como se já tivesse passado à História.
O desenvolvimento tecnológico a que temos assistido nos últimos anos, com avanços exponenciais em muitos dos sectores, tem contribuído para o aparecimento de inúmeras novidades tecnológicas que estão permanentemente a renovar-se, obrigando os utilizadores (particularmente os jovens) a estarem, permanentemente, a adaptar-se a coisas novas (jogos, vídeos, telemóveis, etc.), o que os leva a a acharem insípidas todas as tarefas que os fazem estar parados, sentados, como é, particularmente, o caso das aulas teóricas.
A escola tem esta dificuldade imensa em concorrer com o enfeitiçamento e
deslumbramento criado pelas novidades tecnológicas.
Isto é, o mundo exterior à escola é um mundo vasto, aliciante, sem limitações e
constrangimentos, enquanto que o mundo da escola obriga o aluno a um conjunto de regras, de obrigações, a que ele cada vez está menos habituado, nem quer estar.
Eu não sei se isto é um problema para os psicólogos resolverem, ou não! A verdade é que isto provoca um desgaste enorme nos professores que utilizam mil e um estratagemas para conseguirem alguma atenção dos alunos, para conseguirem alguma concentração dos mesmos no trabalho em sala de aula.
Não se consegue transmitir e adquirir conhecimentos, desenvolver competências no aluno se ele não colaborar com o professor, se ele não manifestar vontade de se integrar no assunto da aula.
Mesmo durante as aulas práticas que, teoricamente são aquelas que os motivam mais,
porque eles mexem em aparelhagem e não têm que estar permanentemente quietos ou sentados, mesmo aí se nota que o trabalho deles é freqüentemente atabalhoado, querendo fazer as coisas de qualquer maneira, para chegarem ao fim, rapidamente, como se de um jogo se tratasse.
Ora, a questão é que as aprendizagens, sejam elas de conceitos teóricos, sejam de conhecimentos e aptidões práticas, necessitam que o aluno:
1) Esteja concentrado no trabalho que está a realizar
2) Siga um conjunto de regras e procedimentos para que se verifique uma ordem correta na aprendizagem
3) Execute os diferentes passos metodicamente e calmamente para interiorizar e cimentar os diferentes conhecimentos que vai adquirindo ao longo do processo
4) Evite qualquer erro que possa comprometer o trabalho e até destruir o
equipamento com que trabalha.
Esta é, de fato, uma tarefa complicada que obriga o professor a um trabalho redobrado para que este tipo de aulas, práticas, não se tornem num fiasco completo.
Tudo isto está, evidentemente, ligado à disciplina que deve existir numa sala de aula. Com maior ou menor esforço, por parte dos alunos, a disciplina na sala de aula é condição necessária para que se consiga realizar o processo de ensino-aprendizagem.
Dêem-se as voltas que se derem, não há outra forma de conseguir melhorar o sucesso em sala de aula que não seja o de impor disciplina na mesma.
Evidentemente que haverá situações mais complicadas de alunos que têm dificuldades sérias de concentração, as quais exigirão outro tipo de trabalho e de acompanhamento especializado. No entanto, penso que a grande maioria são alunos que compreendem que tem de haver regras, e facilmente aceitam as regras do jogo. Os restantes que não queiram aceitar as regras estabelecidas têm de ser punidos, de acordo com a gravidade dos actos praticados. E as regras do jogo são claras: se não houver disciplina, ninguém aprende e, no fim, será sempre o aluno aquele que fica prejudicado!

Nenhum aluno pode atentar contra a liberdade do outro. E a maior liberdade do aluno, dentro da Escola, é desejar aprender!
Portela, 30 de Abril de 2008-04-29
José Vagos Carreira Matias






A Educação no Brasil: Avanços e problemas

Por: NERI DE PAULA CARNEIRO

Se fizéssemos um passeio pela história da educação, no Brasil, veríamos que muito pouco mudou desde o início até os dias de hoje. O que ocorreu foi uma sucessão de avanços e tropeços.

Nos primeiros anos do nosso país a educação era aquela promovida pelos Jesuítas. Alterou-se para pior com a expulsão da Companhia de Jesus, permanecendo inalterada até a chegada da Família real, em 1808, e somente se incrementou e estruturou a partir da década de 1960.

A preocupação dos jesuítas era a catequese dos índios e o ensino das primeiras letras aos filhos dos colonos. A despreocupação com a escola se devia ao fato de ser uma colônia rural em que se dependia apenas da força braçal. A escolarização era vista como algo desnecessária, pois as atividades eram eminentemente braçais, para as quais o saber ler e escrever consistia em um luxo, pois, pensava-se: para que um trabalhador da roça precisa saber ler e escrever, se seu serviço é lavrar o chão. Talvez, por esse motivo, quando a Companhia de Jesus foi expulsa do Brasil o processo escolar ficou adormecido. Mesmo porque durante todo o período aos filhos das elites, quando isso parecia conveniente, havia a possibilidade de estudar na Europa.

Com a chegada da família real as coisas não mudaram. A educação escolar continuava sendo privilégio de alguns membros das elites. Com a diferença de que são criados alguns cursos que poderiam ser considerados precursores das primeiras faculdades. E assim se passaram os anos e chegamos ao início do século XX quando o nível de escolarização da população brasileira ainda era baixíssimo.

Somente após a Primeira Guerra Mundial, com a chegada dos imigrantes e o início da industrialização começou a aparecer uma maior preocupação com a escola. Entretanto de forma mais concreta, somente a partir dos anos 60, do século XX, a partir de movimentos populares, de mobilização sindical se concretizaram as primeiras experiências de popularização da escola. Mas esse princípio de educação popular foi extinto com a instalação do Governo Militar, a partir de 1964, a partir do qual foram estabelecidos os acordos MEC-Usaid.

Durante o período militar nasceu a LDB 5.692/71 que, por muitos anos norteou o ensino de primeiro e segundo graus, no país.

A LDB pode ser considerada, ao mesmo tempo, um avanço e um tropeço. Avanço porque normatizou o sistema escolar nacional, que até esse momento não estava completamente organizada. Foi um tropeço porque a escola nacional se tornou dependente dos interesses norte-americanos, em razão dos acordos MEC-Usaid. E a proposta de profissionalização não surtiu efeito, pois os cursos profissionalizantes não deram conta de preparar os jovens para o mercado de trabalho. Seu efeito foi o de, por algum tempo, diminuir a demanda por vagas nas portas das universidades.

Com o processo de abertura e redemocratização, a partir de meados da década de 1980, o sistema escolar se reorganizou e em 1996 foi publicada uma nova LDB, a qual rege o sistema escolar brasileiro, na atualidade.

Podemos dizer que, o grande avanço do sistema escolar brasileiro e da legislação educacional foi a obrigatoriedade da gratuidade do ensino fundamental e médio a ser oferecido pelos estados e municípios. A oferta e compromisso com a escolarização passou a ser não só uma obrigação dos pais, por ser direito da criança e do jovem, como uma obrigação e dever do Estado. Essa obrigatoriedade do Estado se manifesta como oferta de condições de escolarização, de acesso à escola e de permanência nela. Entretanto isso ainda não se tornou uma realidade para todos os estudantes. Nem todos têm condições de acesso à escola e nem todos os que têm acesso permanecem nela. Além disso a escola nos três níveis (fundamental, médio e superior), ainda não é uma expectativa e um objetivo dos jovens em idade escolar.

Em todo esse período, talvez o que possamos apresentar como o grande problema da educação nacional, tenha sido e continue sendo o da desvalorização do profissional da educação. Desvalorização que se manifesta nos baixos salários, na dificuldade de acesso a escolarização de nível superior, pois o filtro do vestibular impede que a grande maioria dos jovens ingressem no ensino superior. Essa dificuldade de acesso se deve tanto à deficiência na formação como na falta de vagas para todos. E com isso fica comprometida a afirmação de que deve acontecer educação para todos com todos na escola.

Recentemente foi aprovada a lei que estabelece um piso para os salários dos professores. Entretanto até que isso se torne uma realidade pode demorar um tempo. Além disso, estabelecer um piso sem oferecer maiores condições para que os professores se aprimorem na sua qualificação pode não ser suficiente para melhorar nosso quadro escolar que já foi pior, é verdade, mas ainda tem muito a melhorar até chegar ao ponto de se equiparar ao dos países desenvolvidos.

Valorização dos profissionais da educação, ampliação das condições de acesso e permanência na escola e ampliação da qualidade do ensino oferecido são alguns dos desafios que se impõem a um ministro da Educação que, seriamente, deseje melhorar o sistema escolar brasileiro.

Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.

REFERÊNCIA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2ª Ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 1996.

CARNEIRO, Neri P. Caos na Educação? Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/7703/1/caos-na-educacao/pagina1.html publicado em 07/07/2008, acessado em 15/09/2008

PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. 7ª Ed. São Paulo: Ática, 1988.
http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-educacao-no-brasil-avancos-problemas.htm

Um comentário:

  1. "O avanço da tecnologia é um fundamento muito bom para o aprendizado, mas dispersa muito aos desatentos dentro de uma sala de aula. Acho que isto não é culpa somente dos alunos e da teconlogia , mas sim da superlotaçao das salas de aulas e por possui condiçoes mínimas de espaços arquitetônicos em se tratando de projetos escolares, empreedimento estes que se forem bem elaborados,despertará interesse dos alunos ao aprendizado e ouvir aos professores".

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